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Sonhos ajudam a resolver problemas e até a ver o futuro, diz neurobiólogo

  • IARA BIDERMAN
  • 2 de nov. de 2015
  • 4 min de leitura

Observação do Editor deste Blog: Interessante texto de 2013, porém bem atual. A Hipnoterapia OMNI é uma excelente ferramenta para atuar de forma muito positiva nas questões abordadas pelo Neurocientista Dr Sidarta Ribeiro quanto as finalidades dos sonhos. Desde a revisão e organização do aprendizado comum, técnico ou acadêmico, tanto do presente, como das memórias e aprendizados do passado, e inclusive a interessante "ponte ao futuro", onde é possível visualizar um "ensaio, uma simulação de expectativas de recompensas", possibilitando criar melhores estratégias para o porvir.

A civilização atual não sabe mais sonhar, lamenta um dos maiores especialistas brasileiros no assunto, o neurobiólogo Sidarta Ribeiro.

Segundo ele, os sonhos são ensaios que auxiliam a pessoa a enfrentar desafios, assim como eram uma garantia de sobrevivência para nossos ancestrais.

No Instituto do Cérebro da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), dirigido por Ribeiro, essas hipóteses são testadas com equipamentos, à luz das novas descobertas da biologia, da física e da neurofisiologia.

Toda essa ciência dura não o impede de usar áreas mais elásticas do conhecimento. Ele incorpora aos seus estudos conceitos vindos da psicanálise, de relatos de povos primitivos e de pesquisas sobre efeitos da ayahuasca (chá do Daime) e da maconha.

No momento, o pesquisador experimenta uma nova tecnologia para modificar neurônios em cérebros de ratos com o objetivo de induzir ao sono e à concentração da memória. Ele acaba de finalizar um estudo comprovando a precisão de diagnósticos de esquizofrenia e bipolaridade feitos a partir de relatos de sonhos de pacientes.

Folha - Qual é, no fim, a função do sonho?

Sidarta Ribeiro - Hoje em dia, nenhuma, porque a gente não dá importância para o sonho. Em culturas tradicionais, era central. O público universitário não acredita em sonhos, mas, se a pessoa se dispuser a fazer um "sonhário" [diário de sonhos], vai perceber que eles têm função. O sonho joga estímulos elétricos em suas memórias e você fica explorando todas as possibilidades, o que pode ou não acontecer. É mesmo uma capacidade de ver o futuro.

Folha - O que mais o sonho faz?

Sidarta Ribeiro - O sonho é sobretudo a articulação de memórias regida pelo circuito de recompensa do cérebro. Não é reverberar qualquer memória, mas sim aquelas que têm a ver com procurar o que nos dá prazer e evitar o que é desagradável. Sonhar serve como um ensaio, uma simulação de expectativas de recompensas e punições que prepara a pessoa para enfrentar a vida.

Um estudo sobre sonhos de mulheres que se separaram dos maridos mostrou um padrão entre eles. Primeiro, elas sonham que está tudo bem no casamento; depois, há uma fase em que sonham que o marido morreu e, por último, acontece a simulação: nos sonhos, elas ou os maridos estão se relacionando com outras pessoas.

Folha - A psicanálise ajuda a recuperar essas funções dos sonhos?

Sidarta Ribeiro - Acho a psicanálise muito útil, mas não dá para fazer análise com uma pessoa que não tem introspecção. Que "não sonha". A nossa civilização esqueceu como se sonha. As pessoas precisam reaprender a sonhar.

Folha - Como é esse aprendizado?

Sidarta Ribeiro - É dar ao sonho um lugar de importância. Se a pessoa vai para a cama e adormece vendo TV, não está se preparando para a experiência importante, transcendental mesmo, que é sonhar. E, se ela se levanta da cama pulando e vai fazer outra coisa, não tem como se lembrar do que sonhou. A pessoa tem que treinar essa lembrança. É preciso também perceber como o cinema e a TV tomaram o lugar de nossos sonhos. As pessoas sonham acordadas sonhos que são feitos por outras pessoas, com conteúdos prontos.

Folha - Mas esses conteúdos também têm a sua função...

Sidarta Ribeiro - Nada contra, adoro filmes, seriados... O problema é que a gente vive em um mundo de excesso. Os estímulos hoje são muito mais complexos. Aí seu sonho é cheio de filigranas, como uma cama com dossel: não tem utilidade tão real, não vai salvar a sua vida. Só em situações de estresse eles se tornam mais práticos.

Folha - O que é um sonho prático?

Sidarta Ribeiro - É quando ataca um problema concreto. Um estudo que fizemos no Instituto do Cérebro mostrou que candidatos que sonham com o vestibular têm notas 30% mais altas do que os outros. Mais interessante: os que simplesmente sonharam terem passado na prova não foram os melhores, e sim os que tinham sonhos com as matérias estudadas.

Sonho tem que ter utilidade, como tinha para os homens das cavernas: se ele sonhava com um tigre no lugar onde costumava beber água, ficava ligado. Mesmo se só criasse temores subliminares, o sonho aumentava as chances de sobrevivência.

Folha - Animais também sonham?

Sidarta Ribeiro - Todos os mamíferos e alguns pássaros têm sono REM, que é a fase em que se sonha de forma vívida. Só que os pássaros têm centenas dessas fases. Devem ser sonhozinhos que duram segundos. Os nossos duram 40 minutos.

Folha - E são só quatro por noite?

Sidarta Ribeiro - Eu tenho uma teoria que, apesar de termos quatro episódios de sono REM, temos milhares de sonhos, mas testemunhamos só um por vez.

Quando sonhamos, todas as criaturas da mente estão acordadas. É um zoológico: abre a porta e sai tudinho. O nosso "self" [consciência de si] é só um dos bichos, para onde ele for será o sonho que estaremos vendo. E são camadas e camadas interpenetráveis de coisas rolando. Por isso é tão comum você sonhar que entra em um lugar e, de repente, está em outro.

Folha - Como o Sr. define consciente e inconsciente?

Sidarta Ribeiro - Inconsciente é a soma de todas as memórias que a gente tem e todas as combinações possíveis. Por isso é tão grande. Consciente é a mínima fração disso que está ativa no momento.

Folha - E o que é a consciência?

Sidarta Ribeiro - Ninguém sabe. Não há nem mesmo um acordo sobre o que a palavra quer dizer. A consciência tem a ver com informações que se espalham no cérebro todo.

Folha - Então não dá para definir o lugar da consciência no cérebro?

Sidarta Ribeiro - Eu odeio isso, dizer que cada área faz uma coisa: "Meu hipocampo navegou, meu hipotálamo sentiu". Não temos controle. Isso só serve para livro de autoajuda e para vender remédio. Mas as pessoas adoram, parece que você explicou tudo ao mostrar áreas cerebrais coloridas.

 
 
 

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